filmes de 'romance' esquisitos para garotas 'esquisitas.'
com protagonistas não convencionalmente atraentes, apesar de lindas.
três meses atrás, um filme lançado em 2020 tornou-se algo no tiktok gringo, — e em uma bolha específica do tiktok brasileiro, — que fez com que eu, que sou altamente influenciável para muitas coisas, o assistisse.
‘dinner in america’ é esquisito. não do tipo “gore” esquisito, mas do tipo “esquisito” esquisito mesmo, de você não saber o que considerar nos primeiros vinte minutos, porque não lembra de ter assistido algo assim antes.
ah, e é um filme de romance.
não vemos muitos filmes de romance “esquisitos” propositalmente, — apesar daqueles que saem pela culatra, já ter perdido a conta de quantos existem, — porque a maioria dos personagens precisam ter o apelo de serem já previamente atraentes e socialmente aceitos para despertar a sensação de paixão.
mas algo que o diretor desse filme entendeu, e de maneira surpreendente por ser um homem, é que atração é muito subjetivo, e pode ser nada convencional de vez em quando.
porém, estou sendo tendenciosa ao dar a entender que o filme ser esquisito em um geral seria o motivo principal em ser tão curiosamente excelente. na verdade, não.
‘dinner in america’ tem uma protagonista não só não convencionalmente atraente, como neurodivergente, e que não seria levada nada a sério caso existisse. e isso, com certeza é um ponto essencialmente para ter suprido um público que produtores de romance ainda não perceberam existe como um tudo: mulheres que em algum momento já foram as garotas ‘esquisitas’.
aparência nada convencional, — mas isso já é óbvio, — trejeitos específicos, alguma divergência, com certeza. alguém que provavelmente os garotos no ensino fundamental tenham rejeitado, ou pensado como um “definitivo não”. garotas que não eram necessariamente as mais queridas, ou bonitas da sala.
as quietas, meio reclusas. ou somente anti sociais. nós, que fomos essas garotas.
patty, a protagonista, é tudo isso e mais um pouco, o que com certeza a faz mais interessante do que 90% das personagens femininas lançadas pela netflix nos últimos três meses.
e se ver nela, mesmo que particularmente já faça alguns anos desde que passei a não ser mais considerada ‘tão esquisita assim’, fez com que eu lembrasse dessa garota que fui.
o mais interessante, é que assisti uma segunda e terceira vez com a minha irmã, que está nessa fase. esse se tornou o seu filme de romance favorito, sem muito esforço.
precisamos de mais filmes que nos dê essa sensação, e seja tão interessante em sua própria esquisitice. enquanto não há muitos, iremos falar daqueles que já existem (além deste), e que talvez chegue perto do sentimento.
definitivamente, queremos mais representatividade esquisita nas telas, — e não estou ironizando.
dinner in america, 9/10 em esquisitices
o resumão no estilo da lari sobre esse filme é que uma querida em uma família tradicional, mas nada funcional, é fã de uma banda de punk rock indie, levemente conhecida em uma bolha. ela passa anos enviando cartas e fotos bem interessantes, — para dizer o mínimo, — para o vocalista da banda, — que para a conveniência da história, só se apresenta usando uma máscara, e ninguém conhece o seu rosto.
por uma situação incomum, no horário de almoço do trabalho, ela acaba vendo um mano esquisitinho fugindo da polícia, e cobre ele para os guardas. ele não tem um lugar pra ficar, então ela meio que o acolhe na casa da sua família. mas o pico da coisa toda é quando ele descobre que ela é a garota fã da sua banda que lhe manda cartas e fotos, enquanto ela não faz ideia de quem ele seja.
o filme é uma chuva de química, coisas estranhas e história fofa, apesar dos pesares. e mesmo sendo 9/10 na nossa escala de esquisitice, vale mais do que a pena.
lisa frankestein, 10/10 em esquisitices
esse com certeza é o nosso mais alto na escala esquisita, pois é um “terror” slasher, com bastante sangue, e que se passa nos anos 80, — apesar de ter sido lançado em 2024.
basicamente, nossa protagonista passa por um evento traumático com a morte da mãe, e vai morar com seu pai, a sua nova esposa egocêntrica e a filha dela, que acontece de ser uma menina legal.
a garota não está conseguindo se ajustar ao lugar, à escola, e à vida nova, e a única coisa que a conforta é falar com um túmulo de um jovem que morreu apaixonado, desejando que ele fosse vivo, — sim, ele não é o nosso maior na escala esquisita da lari atoa.
em uma noite, após uma festa, nossa diva fica chapada sem querer, acontece um acidente com um raio, e tudo o que entendemos é que no próximo dia, esse cara morto do túmulo volta a vida no estilo frankestein mesmo. os dois tem uma conexão, mas ela está gostando de outro garoto da escola, as coisas começam a sair do controle na vida dela, e tudo o que dá para resumir depois disso é: muita morte e sangue.
entretanto, tenho que me defender ao indicar este querido. o nível de breguice, declaração amorosa e química nesse filme chega ao jeito fofo, — e não estou ironizando, mais uma vez.
se você foi uma garota esquisita por filmes de terror, o contexto da história é um bônus. mas na realidade, ele chega mais a ser cômico do que trágico.
secretária, 8/10 em esquisitices
esse filme engana muito bem, e é isso que tenho que começar a te dizer.
o poster, os atores, a estética dele parece muito com qualquer filme sobre qualquer assunto relevante dos anos 2000, ou quem sabe um drama. mas a sinopse entrega o recheio do nosso bolo.
“lee holloway, uma jovem com um histórico severo de problemas emocionais, recebe alta de um hospital psiquiátrico e volta à casa dos pais. ela arranja emprego como secretária de um advogado exigente, e. edward grey, e começa a namorar peter, um rapaz gentil, mas sem graça. lee acaba entrando numa relação sadomasoquista com grey.”
apesar de parecer sexy, — e ser em 40%, — o restante do filme também é parte cômico, parte meio “o que é isso aqui?”. a protagonista também é neurodivergente, o contexto é ótimo, e com o passar do filme você também vai conseguindo entender o apelo do carinha, — ele tem energia de gostoso, juro.
ah, e não vamos fingir que esse cara, o sobrenome dele, e o contexto talvez não tenham inspirado a e. l. james a adaptar a sua fanfic de crepúsculo para um livro sério, que se tornou cinquenta tons de cinza.
é um 8/10 na nossa escala de esquisitice, porque os personagens são levemente, e o contexto final é, mas o restante poderia ser um livro comum do kindle de romance, — dos muitos que já li, — então não é tão “?”.
the mirror has two faces, 7/10 em esquisitices
esse filme, na verdade, não se encaixaria bem nesta lista. mas é ótimo, e pouco falado, e tem seu nível de personagens estranhos também, então estou usando isso como uma desculpa.
em “o espelho tem duas faces”, a diretora se esforçou, — e até conseguiu, — tentar nos convencer que barbra streisand não é convencionalmente atraente e um espetáculo, — e a diretora é ela mesma!
a protagonista é uma professora universitária excelente de mais de quarenta anos, e solteira, que foi criada por uma mãe que sempre presou imagem e beleza. chegar nessa idade sem um interesse amoroso é incomodo para ela, que deseja tanto esse tipo de amor.
o galã está na mesma situação que ela, modificando por um ponto, — ele é separado, e desenvolveu em sua cabeça uma paranoia de que o sexo dentro do relacionamento estraga tudo porque ele não consegue pensar tão metodicamente quando acontece, — já que ele é um matemático obcecado por controle.
depois de um anúncio de jornal, e um encontro interessante, eles acabam se tornando amigos, e com o passar do tempo entram em um acordo de uma “relação”, — que parece mais de faixada do que outra coisa, — mas sem sexo.
sinto que os detalhes da história é que colocaram esse filme nessa lista. apesar de não ser tão curiosamente diferente quanto os outros, ele também não é tão certeiro no padrão dos romances comuns, — além do mais, é um dos meus favoritos em toda a vida, então vale mais que a pena.
essa lista acabou sendo escrita, porque de certa forma também escrevo protagonistas neurodivergentes, que precisam de uma ajuda de vez em quando, e estão em uma situação às vezes caótica no meio de um romance.
dakota é basicamente uma querida, mas com altos níveis de ansiedade e fobia social, que acaba inventando uma mentirazinha de nada para uma amiga parar de tentar te arranjar encontros, pois: “ela já encontrou alguém”, — o que é uma mentira completa.
mas a mentira sai pela culatra, e de repente todo mundo na universidade está sabendo sobre…
isso é ‘pelo o que lutar’, que você pode ler de graça aqui. (ah, e está ainda em atualização!)
patrocinadora especial dessa news: a companhia de ônibus da minha cidade, — pois essa news foi escrita voltando da faculdade às 21:30 da noite.
dinner in america é minha obsessão aaaaaa
dinner in america se tornou um dos meus filmes favoritos pelos mesmos motivos que vc fala!!! ser a garota do "definitivamente não" na adolescência me marcou pra sempre, e apesar de eu já estar com 20 e tantos e ter superado parte disso - só aceitei minha esquisitice e sei que tem quem goste hahah -, ver patty e simon se apaixonando em todas as esquisitices e naquele caos me deixou absurdamente feliz. e quero gritar com todas as pessoas no letterboxd que fizeram reviews dizendo que não entendem como ele pode ser atraente!!!